PAULO LISBOA – Imagines Plumbi
Imagines Plumbi
Grafite sobre alumínio
Grafite, plumbago, chumbo negro.
Nestas obras de Paulo Lisboa a escuridão torna-se substância e a sua ausência é luz, em camada sobre camada de meticulosa sedimentação.
Mas o que são? Não sei. Portais, limiares, aberturas para um vazio desconhecido, um submundo interior ou objectivo? Aparentam ser – no sentido estritamente fotográfico – simultaneamente positivos e negativos, marcas auto-instanciadoras sem qualquer necessidade de enquadramento ou de um conhecimento privilegiado para as compreender. Talvez vejamos neles um eclipse ou uma lápide, ou uma panóplia de paradigmas rectilíneos. De gustibus non est disputandum. A linguagem é inevitavelmente metafórica, embora as imagens em si sejam bastante literais. Penso no termo latino atramentum, tinta e uma negridão, e imagino um polvo platónico a tentar imaginar o seu caminho para fora do mar, os sonhos austeros de um polípode implume.
Alan Fishbone
Lisboa, 4 de Setembro de 2018