Albuquerque Mendes, “Jugglers – Problemas e Insolvência”
“Estas pessoas, estas raríssimas e bem-aventuradas pessoas, conservam um olhar virgem, puro, aberto. Porque desocupado, o olhar está em condições de ver, de usufruir, de possuir, de criar. Talvez a força (da obra) do Albuquerque resida nisto mesmo. Talvez por isso mesmo ele consiga transformar as banalidades do quotidiano num ritual de permanente reencontro com a beleza.” (Armando Azevedo, 1979)
Estamos numa sala vazia com um foco de luza iluminar o centro. Um homem, desenha a linha que limita esse espaço. Fica uma pintura. Com esta exposição de Albuquerque Mendes (Trancoso, 1953), torna-se perceptível o percurso iconográfico obsessivo do artista. A performance é evocada como pintura.
Tudo aqui se condensa numa oferenda pictural, em que o corpo de artista se confunde com o próprio corpo da obra, verso e reverso.
Caras, fantasmas das passagens dos mundos em que tudo é possível e tudo deve ter uma resposta. A questão serve para resolver os enigmas dos equilibristas e dos malabaristas. O palco é o retrato. Afinal, é só uma cara pintada de branco com o pó das estrelas.
A leveza afirma-se pelo sugestivo amargo da pintura no horizonte geométrico das grades.
Na tela habitam essas lembranças, profanas.
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